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“Precisamos de estratégia, não improviso”, diz economista

  • Foto do escritor: Neriel Lopez
    Neriel Lopez
  • 19 de fev.
  • 3 min de leitura

Em 2025, Brasil entre rendas altas e tensões globais: “Precisamos de estratégia, não improviso”, diz economista



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Logo nos primeiros meses de 2025, o Brasil já se deparava com sinais de um ano que promete ser de desafios estruturais: inflação resistente, juros elevados, apostas em crescimento e o novo normal das disputas globais por tecnologia e regulação. Enquanto isso, universidades e centros de pesquisa tentam posicionar o país no mapa da inovação.

Para o economista e professor Fabio Luis Pereira de Azevedo, este é um momento decisivo em que o Brasil deve escolher entre reagir ao mundo ou protagonizá-lo.


“Não dá mais para navegar no piloto automático. Estamos diante de realinhamentos globais — tecnológico, energético, regulatório — e o Brasil só sairá na frente se tiver estratégia clara, instituições fortes e compromisso com inovação”, afirma.


Panorama macro: o Brasil esperançoso, mas cauteloso

As projeções para 2025 refletem essa tensão. Segundo o Boletim Focus, há expectativa de crescimento cerca de 2% para o ano. Por sua vez, o Ministério da Fazenda divulgou meta mais otimista: 2,5%.


Mas nem tudo são flores: o cenário carrega riscos palpáveis. Em recente análise da FGV, apontou-se que o realinhamento das metas fiscais e a exclusão de determinadas despesas no cálculo das contas públicas contribuíram para elevar o prêmio de risco do Brasil.


Em paralelo, a inflação segue pressionada. No radar dos analistas, fatores internos (gastos públicos elevados, reajustes de tarifas) juntam-se a choques externos, como preços de energia e cadeias globais.


Fabio observa que esse “ambiente de alta” exige cuidadosa articulação de política monetária, fiscal e inovação tecnológica. “Se o juro apertar demais, estrangula investimento. Se for frouxo, inflação desanda. Precisamos de equilíbrio,” pontua.


Ciência, tecnologia e universidades como alavancas

Em 2025, o Brasil tenta resgatar uma ambição que ficou para trás: colocar suas universidades e centros de pesquisa como pilares da transição para uma economia mais tecnológica e sustentável.


Fabio ressalta que muitos países que saltaram nas últimas décadas — Coréia do Sul, Cingapura, Israel — fizeram isso investindo pesado em educação de ponta, em parcerias com empresas e inovação aplicada.


“Aqui, vemos muitos projetos tecnológicos promissores nas universidades, mas falta escala e continuidade. A legislação muda, o orçamento oscila e muitos talentos migram para o exterior. Sem estabilidade institucional, não há salto qualitativo”, diz.


Ele aponta que o Brasil tem vantagens naturais: um bom corpo docente, diversidade científica e setores agrícolas e energéticos com enorme potencial de “digitalização verde”. A grande questão é transformar isso em projetos maduros capazes de atrair investimentos internacionais.


Regulamentação global, disputas tecnológicas e posição brasileira

Internacionalmente, 2025 se firmou como o ano da regulamentação da inteligência artificial (IA). No AI Action Summit, realizado em fevereiro em Paris, mais de 100 países debateram diretrizes para IA inclusiva, ética e sustentável.


O Brasil participou e assinou a declaração de IA inclusiva e sustentável, ao lado de países como França, China e Índia. A Alemanha, por exemplo, lançou planos com €200 bilhões em investimentos de longo prazo.


Para Fabio, esse movimento global imanta atenções e oportunidades — mas traz uma exigência clara: não basta seguir padrões, é preciso contribuir para eles.


“Podemos ser parte da conversa, não apenas ouvintes. Se não formos coerentes entre política interna e diplomacia de tecnologia, seremos moldados por regras que não nos encaixam”, afirma.


Ele alerta que tecnologias que hoje dominam (modelos, processamento de dados, algoritmos) poderão se tornar novas armas econômicas, e que países emergentes correm risco de dependência se chegarem tarde demais.


Duas apostas que definirão 2025

Fabio aponta duas áreas onde o Brasil pode (ou não) abrir vantagem:


  1. Infraestrutura digital e energia limpa

    Para sustentar centros de dados, inteligência artificial e inovação verde, é necessário energia confiável, redes de comunicação de alta qualidade e conectividade universal. Ele lembra que muitos projetos tecnológicos naufragam por falta de estabilidade energética e banda larga em regiões remotas.


  2. Educação aplicada e formação de talentos

    A pergunta dele é clara: para que serve um doutorado em IA se não há indústria nacional capaz de absorver ou aplicar? Ele aposta que os próximos anos premiarão os países que construírem ecossistemas de inovação que conectem universidades, startups e o setor público.


Para 2025, Fabio resume o imperativo assim:


“Neste ano, vamos ver quem quer sobreviver e quem quer se reinventar. O Brasil tem potencial para ambos — mas somente se investir em instituições, previsibilidade e inovação conectada com o mundo.”


 
 
 

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